Emagrecer é um verbo atemporal. A preocupação em perder peso corporal é recorrente, não só porque envolve a autoestima, mas, principalmente, por estar ligada à qualidade de vida e à saúde. Entretanto, é preciso que se diferencie o significado do verbo emagrecer e do substantivo emagrecimento.
Emagrecer é entendido como o simples ato de reduzir o peso corporal. Já o emagrecimento refere-se a todo processo que envolve a redução da massa de gordura corporal; ou seja, tudo aquilo que a pessoa necessita fazer para que tenha uma perda de peso significativa. Portanto, implica em ações como mudança de hábitos, alimentação equilibrada, além de uma série de ajustes no dia a dia. Sabe-se que nem sempre isso se dá de maneira fácil.
E quando se fala em saúde feminina, não se pode deixar de lado o fato de que a obesidade é uma das maiores causas do surgimento de outras diversas doenças nas mulheres, capazes de reduzir a qualidade de vida. Conforme mostram estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2003 a 2019, a proporção de mulheres acima dos 20 anos com obesidade aumentou de 14,5% para 30,2%; enquanto para os homens a taxa passou de 9,6% para 22,8% no mesmo período.
FATORES QUE DESENCADEIAM A OBESIDADE
São vários os fatores que influenciam a manifestação da obesidade para que haja o acúmulo de gordura. Dentre eles pode-se citar, por exemplo, o sedentarismo, o estresse do cotidiano, os fatores emocionais, as refeições rápidas, o pouco tempo de descanso, as horas a mais de trabalho e a influência genética em até 70% das ocorrências. Como consequência direta disso, boa parte da população encontra-se acima do peso e tem dificuldade em manter um plano de emagrecimento.
No que se refere à contribuição genética, fator de maior influência nos casos, a predisposição ao ganho de peso não está relacionada a somente um único gene, mas sim a vários, ocorrendo uma interação complexa entre esses diversos genes. Sob este ponto de vista, a genética leva a pessoa a ter mais dificuldade em perceber a saciedade, a ter maior tendência a formar gordura (lipogênese) e menor em queimá-la (lipólise).
Sendo assim, a união dos mecanismos genéticos com o ambiente em que vivemos, o sedentarismo, a ansiedade, uma dieta inadequada e a maior facilidade em encontrar alimentos muito calóricos, levam à obesidade: uma doença crônica e progressiva caso não seja tratada. Entretanto, predisposição genética não significa, necessariamente, que ocorrerá ganho excessivo de peso, caso sejam mantidos hábitos saudáveis.
Esses mecanismos também explicam porque algumas pessoas perdem mais peso que outras realizando o mesmo tratamento. Nesse sentido, graças ao entendimento cada vez maior das influências genéticas na obesidade, pode-se compreender melhor os pacientes e mostrar-lhes que não existe culpa nesse processo de emagrecimento, o que ajuda muito na aceitação e manutenção do tratamento!
A OBESIDADE FEMININA E A SAÚDE
São, principalmente, as razões fisiológicas e genéticas que dificultam o emagrecimento feminino. Quanto à fisiologia, mulheres possuem mais gordura do que massa muscular nos quadris, culote e nádegas. Já a parte hormonal, quando desregulada, é outro fator determinante para que elas ganhem peso mais facilmente do que os homens.
Um dos motivos geradores da obesidade nas mulheres está relacionado, principalmente, com a pré-menopausa, menopausa ou climatério. Embora o motivo exato deste fenômeno ainda não tenha sido bem definido, alguns fatores podem influenciar o aumento do peso nesta etapa da vida da mulher: diminuição do estrógeno, alterações dos hormônios da fome e diminuição de atividades físicas.
Algumas implicações da obesidade, nas diferentes fases da vida da mulher, são muito significativas. Na fase reprodutiva, pode ocorrer infertilidade, risco de diabetes gestacional e pré-eclâmpsia; os ciclos menstruais tornam-se irregulares e há possibilidade de desenvolver a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). Na meia-idade, há risco de hipertensão arterial e questões de mobilidade. Já na terceira idade, os problemas que surgem na fase anterior se intensificam e aumentam ainda mais o risco de doenças cardíacas.
Além destas questões fisiológicas e hormonais, não se pode negar a influência negativa da obesidade na autoestima da mulher que sofre tanto por questões pessoais quanto pela pressão vinda do mundo exterior. É comum que pacientes obesas entrem em depressão profunda em razão da dificuldade autoaceitação. Isso se dá, entre outras razões, devido à visão da sociedade que enxerga a mulher obesa como alguém sem força de vontade ou desleixada e não como alguém doente que necessita ajuda para o emagrecimento .
PROCESSO DE EMAGRECIMENTO
O emagrecimento, entendido enquanto processo, não é individual. Profissionais que entendem a fisiologia do organismo, como endócrinos, nutrólogos e nutricionistas são os mais habilitados a auxiliar a pessoa nessa caminhada e indicar a melhor terapia para atingir o objetivo desejado.
Além do mais, emagrecimento é um processo longo que envolve algumas fases:
- Negação – quando ainda não tomamos consciência da necessidade do processo;
- Reconhecimento – momento em que decidimos fazer algo pelo nosso corpo e nossa saúde;
- Ação – foco e dedicação no tratamento e no processo;
- Manutenção – momento comum de oscilação, mas de maior importância para o resultado final.
SERÁ QUE VOU CONSEGUIR EMAGRECER?
Para que se tenha sucesso no emagrecimento, é necessário entender todo processo que envolve perder peso e, ainda, como funciona a fisiologia do nosso corpo quanto ao consumo de alimentos e armazenamento de calorias. O metabolismo atua de forma individual. Isso significa que algumas pessoas processam os alimentos de forma mais rápida, enquanto outros de maneira mais lenta.
Dessa forma, é necessário que o consumo de alimentos seja diferenciado para cada indivíduo, assim como devem ser a rotina e o tipo de atividades físicas que irão ajudar nesse processo. Isso, pois, a perda de peso pode ocorrer por meio do gasto calórico proporcionado pelos exercícios e/ou pela diminuição da ingestão de calorias numa dieta específica. Assim, a atividade física pode ser considerada uma aliada no tratamento da obesidade, pois o gasto de calorias deve ser maior do que o consumo calórico.
No entanto, é preciso saber que o emagrecimento leva tempo. Nada vai levar a uma perda de peso significativa da noite para o dia. É preciso investir em acompanhamento profissional para tornar o processo mais seguro e assertivo. No Espaço Mulher oferecemos este apoio de forma cuidadosa e com o tratamento certo para cada paciente.