Sabe-se que a obesidade e o sedentarismo são responsáveis por desencadear diversas doenças, inclusive a infertilidade tanto em homens quanto em mulheres. Atualmente, tal fato tornou-se questão de saúde pública devido ao aumento acelerado de suas prevalências e à sua associação com efeitos adversos à saúde cardiovascular e metabólica.
De acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) divulgada pelo Ministério da Saúde, a taxa de obesidade no Brasil passou de 11,8% para 19,8%, entre 2006 e 2018. Especificamente sobre a infertilidade, estudos apontam que o excesso de peso afeta um em cada sete casais, e sua taxa está aumentando. A boa notícia é a de que boa parte dos casos podem ser resolvidos com o apoio de especialistas da área da saúde.
A INFERTILIDADE FEMININA ESTÁ RELACIONADA À OBESIDADE?
Apesar de parte das mulheres obesas não apresentarem dificuldade para engravidar espontaneamente, sabe-se que o excesso de peso em mulheres em idade reprodutiva interfere negativamente nas chances de gestação, contribuindo para o aumento dos casos de infertilidade feminina. Mulheres obesas têm três vezes mais chances de sofrer de infertilidade anovulatória (ausência de ovulação) do que pacientes com IMC (índice de massa corporal) normal. Além disso, mesmo as tentativas de fertilização in vitro nem sempre têm um desfecho positivo para mulheres acima do peso.
Entretanto, o problema da obesidade não reside apenas na questão da infertilidade. No caso de gravidez, mulheres obesas correm maior risco de apresentar doenças como diabetes e pressão aumentada na gestação, alteração no peso do bebê, disfunções logo ao nascimento com risco do desenvolvimento de obesidade, diabetes tipo 2 , pressão alta, acidente vascular cerebral, aumento das gorduras no sangue (colesterol alto) e fígado no futuro, levando a uma redução da perspectiva de vida do bebê.
PRINCIPAIS CAUSAS DA INFERTILIDADE FEMININA
Em geral, quando as tentativas de engravidar não são bem sucedidas num período de um ano ou mais, o casal deve buscar ajuda de médicos especialistas em fertilidade e realizar exames a fim de encontrar o diagnóstico. Nem sempre é apenas a obesidade a causa do problema; às vezes existe mais de uma, como as seguintes:
- Distúrbios alimentares como anorexia e bulimia;
- Depressão;
- Sedentarismo;
- Tabagismo e/ou alcoolismo;
- Endometriose;
- Ovário policístico;
- Miomas uterinos;
- Insuficiência ovariana;
- Atividades físicas intensas, principalmente quando há baixíssimo índice de gordura corporal;
- Exposição a agentes tóxicos como pesticidas;
- Doença inflamatória pélvica;
- Distúrbios hormonais, principalmente na tireoide e nas glândulas suprarrenais;
- Aumento da prolactina no sangue;
- Contrações uterinas que impedem o espermatozoide de fecundar o óvulo.
COMO TRATAR A INFERTILIDADE EM MULHERES OBESAS?
Reverter a infertilidade em mulheres obesas é possível. No entanto, é necessário que, antes do início do tratamento, a paciente busque um programa de emagrecimento com acompanhamento de equipe multidisciplinar. Tal equipe atua de forma decisiva frente às necessidades individuais, ao desgaste emocional, à ansiedade e às dúvidas que, na maioria dos casos, acompanham os casais que pretendem ter filhos.
A atuação conjunta de médicos especialistas, psicólogos, enfermeiros, nutricionistas e técnicos torna-se essencial para o cuidado humanizado. E isso vale não só para a gravidez por concepção natural, como também para a reprodução assistida.
Importante destacar, ainda, que o excesso de peso não é resultado somente da má alimentação, mas também do patrimônio genético da pessoa, de aspectos econômicos e ambientais, dos hábitos de vida e do metabolismo individual. Entretanto, a prática de exercícios físicos regulares e a adoção de uma dieta equilibrada são fundamentais para reverter o quadro da obesidade e possibilitar a gravidez saudável, ainda que com cuidados especiais.
OS PASSOS PARA UM TRATAMENTO DE FERTILIDADE ASSISTIDA
Ao perceber que ainda existe problema para engravidar, mesmo já tendo conseguido eliminar a obesidade, o passo seguinte é buscar ajuda especializada. Boa parte do tratamento de fertilidade pode ser realizado por ginecologistas e urologistas, rastreando e diagnosticando as causas que resultam na dificuldade de uma gravidez.
No entanto, outras especialidades também podem ser fundamentais no processo, como o endocrinologista, quando há necessidade do equilíbrio metabólico, o ultrassonografista, responsável pela realização de exames de ultrassom e captação de óvulos, anestesiologistas, e a equipe de enfermagem.
Após a realização da primeira consulta com os especialistas e da avaliação e resultados dos exames solicitados, é realizado o diagnóstico e é indicado o tratamento de fertilidade adequado. Entre as etapas da reprodução assistida temos:
- Estimulação dos ovários;
- Controle dos óvulos;
- Coleta dos gametas;
- Fertilização;
- Desenvolvimento do embrião;
- Transferência de embriões;
- Teste de gravidez.
É preciso ter em mente que, em geral, este tipo de tratamento demanda tempo e paciência. Muitas vezes, torna-se necessário o uso de medicamentos hormonais que somente o médico poderá prescrever para cada caso. Por isso, a escolha do especialista e da equipe que o auxiliará é fundamental. O Espaço Mulher, neste sentido, conta com profissionais capazes de ajudar a mulher a vivenciar a gestação de maneira saudável, seja orientando sobre problemas hormonais, metabólicos, psicológicos, seja buscando outras alternativas que possibilitem a gravidez, como a fertilização assistida, por exemplo.