O Outubro Rosa é um movimento internacional criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. O objetivo é conscientizar sobre o controle do câncer de mama. A data é celebrada anualmente através de inúmeras iniciativas como ações para compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença; proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade.
Sabe-se que a medicina é uma ciência em constante atualização. Em razão disso, inúmeros procedimentos consolidados no tratamento para o câncer tornam-se passíveis de reavaliações. Tal situação não foi diferente com a questão da terapia de reposição hormonal, largamente administrada durante o climatério. Segundo a Sociedade Brasileira do climatério, 75% dos mais de 11 milhões de brasileiras com idades entre 45 e 64 anos sofrem com os efeitos do climatério. Entre elas, 8% fazem tratamento com hormônios.
CLIMATÉRIO E MENOPAUSA ALTERAÇÕES HORMONAIS FEMININAS
O climatério é a fase de transição do ciclo reprodutivo, ou fértil, para o não reprodutivo na vida da mulher. Caracteriza-se pela redução da produção de hormônios sexuais pelo ovário e pela interrupção da menstruação (menopausa).
A menopausa corresponde ao último ciclo menstrual, ou seja, a última menstruação. Ocorre, em geral, entre os 45 e 55 anos. Os óvulos que a mulher produzirá ao longo da vida têm sua origem em células germinativas (ou folículos) dos ovários, já presentes no momento em que nasce uma menina. Essa reserva é usada desde a primeira menstruação (menarca) até a última (menopausa).
Não existe possibilidade de formar novos folículos para repor os que se foram. Quando morrem os últimos, os ovários entram em falência e as concentrações dos hormônios femininos, estrogênio e progesterona caem irreversivelmente.
A chegada da menopausa provoca irregularidades menstruais, menstruações mais escassas, hemorragias, menstruações mais ou menos frequentes. Outros sinais e sintomas característicos são ondas de calor (fogachos), ressecamento vaginal, fortes dores de cabeça, ansiedade, alterações do sono, da libido e do humor, bem como atrofia dos órgãos genitais, que aparecem em seguida.
A REPOSIÇÃO HORMONAL É O MELHOR TRATAMENTO PARA ESSA FASE DA VIDA?
A reposição hormonal, inicialmente, foi apontada como solução para os efeitos típicos dessa fase feminina. O tratamento reduziria o risco de doenças cardiovasculares, preveniria a osteoporose e evitaria o câncer de endométrio.
No entanto, desde a década de 1970, tal método tem sido alvo de estudos científicos internacionais que discutem a sua segurança. A discussão teve início quando a suposta capacidade de proteção cardiovascular foi desmistificada. Já resultados divulgados em 2003 e 2007, confirmam também a associação entre a administração de hormônios e a ocorrência de câncer de mama, útero e ovário.
Apesar dessas constatações, a terapia de reposição hormonal para o controle dos sintomas do climatério e da menopausa ainda é reconhecida como eficaz por grande parte dos médicos.
Por outro lado, a isoflavona de soja tem sido apontada, após estudos científicos, como método alternativo e natural com ação semelhante ao estrogênio no controle das ondas de calor. Além disso, manter uma alimentação saudável, atividade física regular, não fumar e evitar o consumo de álcool são algumas medidas simples que, se incorporadas aos hábitos diários, podem minimizar os sintomas negativos do climatério.
COMO A TERAPIA HORMONAL AFETA O CÂNCER DE MAMA?
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos. Há vários tipos de câncer de mama: alguns se desenvolvem rápido, enquanto outros lentamente. Entretanto, a maioria dos casos, se tratados adequadamente e em tempo oportuno, apresentam bom prognóstico.
A associação entre a terapia de reposição hormonal e a ocorrência de câncer de mama foi confirmada em 2003 pelo estudo norte-americano Iniciativa para a Saúde das Mulheres (WHI, na sigla em inglês), publicado em 2003 pelo national Institute of Health(nIH).
No estudo realizado, mulheres que receberam terapia hormonal combinada (estrogênio e progesterona) registraram aumento do risco de câncer de mama em 26%, além de doença coronária, acidente vascular cerebral e eventos tromboembólicos. Além disso,pode influenciar também a propensão de mulheres ao desenvolvimento de tumores ovarianos. Segundo a pesquisa, o tratamento aumenta em 63% a incidência de câncer de ovário.
A reposição hormonal, apesar de ser um tratamento que pode aliviar sintomas da menopausa, pode aumentar o risco de desenvolvimento do câncer de mama caso seu uso seja por mais de cinco anos. O mesmo vale para a reposição com hormônios naturais, como as isoflavonas, que também devem ter seu uso supervisionado. A opção pela reposição hormonal deve ser tomada de maneira individualizada para cada paciente e o médico precisa orientá-la sobre os benefícios e riscos desse tratamento.
SINAIS E SINTOMAS DO CÂNCER DE MAMA
Em geral, o câncer de mama pode ser percebido em fases iniciais, na maioria dos casos, pelos seguintes sintomas e sinais:
- Nódulo (caroço), fixo e geralmente indolor: principal manifestação da doença, presente em cerca de 90% dos casos quando o câncer é percebido pela própria mulher;
- Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja;
- Alterações no bico do peito (mamilo);
- Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço;
- Saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos.
É importante que as mulheres observem suas mamas seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano. Em caso de alterações, devem procurar atendimento médico urgente para avaliação diagnóstica. Esta postura atenta em relação à saúde das mamas é fundamental para a detecção precoce do câncer da mama.
MÉTODOS ALTERNATIVOS À REPOSIÇÃO HORMONAL
Existem métodos alternativos à reposição hormonal os quais podem amenizar os efeitos do climatério. Os resultados obtidos com essas terapias são observados a partir da experiência das pacientes.
Homeopatia – o tratamento é feito a partir de substâncias que provocam os sintomas a serem combatidos. O objetivo é estimular a resposta protetora do organismo.
Fitoterapia – o uso de substâncias naturais na medicina é crescente e deve ser sempre prescrito por um médico. Para o climatério, são indicados dois extratos que atuam de forma semelhante aos hormônios: a isoflavona, encontrada na soja, e o alcaloide triterpeno, presente na planta Cimifuga rasemosa.
Ioga – algumas posições estimulam a produção de hormônios. A prática de exercícios combate a ansiedade e confere tranquilidade à mulher.
Entretanto, qualquer que seja a escolha do tratamento, ela deve ser acompanhada de orientação médica. O Espaço Mulher possibilita o acompanhamento da mulher que vive esta fase da vida, climatério e menopausa, de forma acolhedora e comprometida com sua saúde e seu bem-estar.